Artista sobre artista
"Eu não conheço o Marcelo (@albagli) pessoalmente. Ele e eu frequentamos o grupo on-line. O trabalho sobre o qual eu vou tentar escrever um pouco aqui foi apresentado por ele para o grupo, em um dos encontros. A primeira coisa que me veio à cabeça ao ver a obra pessoalmente foi pensar no tamanho do Marcelo, já que o raio do círculo maior é o comprimento de seu braço.
As linhas de grafite riscadas sobre o papel de bambu registram os movimentos circulares do braço, formando um emaranhado de linhas que parecem pulsar, ora puxando o olhar para o vazio central, ora o repelindo em direção às bordas.
Essa constante tentativa… Um movimento que se repete por escolha ou por inevitabilidade? O círculo pode ser (geralmente é) lido como um símbolo de equilíbrio, perfeição e completude. Olhando para a obra, divago sobre as contradições e dificuldades de ir ao encontro dessas qualidades na atualidade. Assim como os círculos se cruzam e se sobrepõem, formando um emaranhado ruidoso em volta do vazio, penso que viver na estrutura do capitalismo tardio também é iludir-se constantemente de que a falta/vazio deve ser preenchido".
Carlos Carvalho
MOVIMENTOS LATERAIS, DE AFASTAMENTO E DE COLISÃO
Galeria Quarta Parede, São Paulo
03 de Julho de 2021